terça-feira, 13 de julho de 2010

MON exibe trabalho do fotógrafo peruano Martín Chambi


Está em cartaz no Museu Oscar Niemeyer (MON), localizado no Centro Cívico de Curitiba (PR), onde permanece até o início do mês de agosto, a exposição fotográfica Martín Chambi – O Poeta da Luz. A curadoria é da argentina Leila Makarius, responsável por diversas exposições do artista pela América do Sul. O conjunto reúne 88 fotografias em preto e branco, produzidas entre 1920 e 1940, e dá uma boa ideia do valor histórico e artístico do trabalho desse fotógrafo peruano, considerado um dos grandes nomes da fotografia do continente, justamente conhecido como o "Poeta da Luz".

Chambi nasceu em 1891 em Coaza, uma cidade próxima ao lago Titicaca. De origem indígena, começou a trabalhar como assistente de fotógrafo na mina onde seu pai trabalhava. Seu aprendizado na fotografia deu-se, entretanto, na cidade de Arequipa, em 1908, pelas mãos de Max T. Vargas. Em 1917, casado e com dois filhos, se muda para Canches e monta seu primeiro estúdio. Mais tarde, nasce Julia, a única filha que seguiu a profissão do pai. Nômade, Martín novamente se desloca, em 1920, dessa vez para Cuzco, magnetizado pelo passado glorioso da antiga capital inca. Uma mudança fundamental em sua carreira, uma vez que se torna o primeiro fotógrafo a registrar de forma apurada a enigmática Machu Picchu, descoberta em 1911. Paralelo a isso, inicia um rico registro do cotidiano cuzquenho, dos camponeses à alta burguesia da cidade – festas populares, reuniões familiares, casamentos e desfiles militares.

Dono de uma técnica inspirada na obra de Rembrandt e Caravaggio, com minucioso controle da iluminação, Chambi conferiu aos retratos de sua gente uma aura de profunda dignidade. Para o cineasta Walter Salles, foi ele quem fundou e deu nome à fotografia latino-americana: "Ele propôs um novo estilo ao olhar europeu predominante de sua época. Levou a câmera ao rosto ou a situações que não apareciam nos trabalhos de pintores ou fotógrafos da realidade latino-americana. O olhar de Chambi vai de dentro para fora, é essencialmente democrático e humanista, com toques de uma extraordinária ironia. Além de nos deixar uma memória visual riquíssima da vida indígena no Peru, Chambi também produziu um trabalho magistral sobre a luz. É um dos mais importantes fotógrafos da História". Seu acervo de mais de 30 mil negativos constitui parte importante do patrimônio histórico peruano. Chambi, que viveu na antiga capital inca até a sua morte, em 1973, atuou ainda como fotojornalista, primeiro para diversos diários locais, depois para o La Nación, de Buenos Aires, entre 1918 e 1930. Publicou fotos também na revista National Geographic. Seis anos após sua morte, o filho Victor e o fotógrafo norte-americano Edward Ranney catalogaram milhares de fotografias suas e levaram parte do acervo para ser exposto no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1979, iniciativa que consagrou internacionalmente o trabalho do "Poeta da Luz".

Martín Chambi – O Poeta da Luz

Onde: Museu Oscar Niemeyer

End.Rua Marechal Hermes, 999

Até 1/08 – R$ 4

Entrada franca


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