quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Galeria recebe exposição fotográfica 'Transitar', em Bélem do Pará

Diretamente da selva de pedras que é a maior metrópole do país, seis jovens talentos da fotografia estreiam em Belém com a exposição “Transitar”, imagens que filosofam sobre o íntimo e o caos que permeiam a vida moderna. A mostra, assinada pelo grupo paulista Um Certo Olhar, será aberta ao público hoje, às 19h, na Galeria Theodoro Braga, no Centur, com entrada franca.

O coletivo é fruto das oficinas de fotografia ministradas por Sinval Garcia, paulistano de coração paraense, já que morou vários anos em Belém na década de 1990, e por aqui iniciou a trajetória como artista visual. Foi em território paraense também que ele realizou suas primeiras exposições e ganhou os primeiros prêmios da carreira. “Foi muito natural que o projeto viesse para Belém, porque eu tenho uma relação de extrema proximidade e afeto com a cidade”, afirma.

O grupo é formado por um pequeno mosaico de olhares. Entre os participantes, um publicitário, uma estudante de comunicação, uma bailarina e até uma taquígrafa. “Todos foram meus alunos em São Paulo, nem todos da mesma turma, e o grupo surgiu trazendo esse olhar vigoroso de quem começa a realizar um trabalho autoral”, explica Sinval.

Cruzamento entre linguagens

Da heterogeneidade e das leituras distintas do que seria “transitar”, surgiu o mote da exposição. Para Weber Amendola, publicitário, os restos amontoados em carroças de lixo dão forma a “esculturas” surgidas ao acaso. “Graças ao próprio movimento de percorrer a cidade e recolher objetos, eles constroem pequenas esculturas feitas do que seria lixo, um produto urbano”, explica. O resultado são imagens kitsch, em recorte, repletas de cores e símbolos de consumo. “A proposta não tem cunho de denúncia social. Na verdade, a ideia é mostrar o entulho como elemento estético”.

Subjetividade e delicadeza ficam por conta de Germania Heibe, que trocou o balé clássico pela fotografia quando estudava dança na Espanha, em 2006. Desde então, faz da nova arte um tipo de terapia ou divã. “Na exposição, vou mostrar auto-fotografias minhas, em que estou vestida de bailarina, uma espécie de despedida do balé, em preto e branco”. Heibe expõe imagens sem face definida, com a própria identidade desconhecida e fragmentada. “Fotografo em busca de mim mesma”.

Numa leitura mais literal do tema, a estudante Renata Mosaner buscou pensar sobre a relação do homem cosmopolita e a cidade. Retratando cenas estáticas, Renata desconstrói o sentido de trânsito. “São imagens de vias públicas e caminhos geralmente repleto de pessoas, usadas num ir e vir intenso. Só que nas imagens, essas ruas aparecem vazias e adquirem outro sentido”, diz. E completa: “Nas cidades, faltam espaços coletivos de convívio, de socialização, espaços de parar, e não apenas de seguir”.

Xica Lima e Celina Kostaschuck também participam da mostra. A primeira exibe uma instalação-casa com móveis, objetos e muitos retratos da família. Inspirada em textos de Cecília Meireles e outros autores, a artista faz uma imersão em busca da própria identidade, que se afina com a idéia da fotografia como reflexo de uma realidade construída. Já Celina esboça um ambiente voyer, ao mostrar imagens captadas através de brechas, uma pequena janela indiscreta mostrada a partir de imagens refletidas em espelho.

Distante de um aparato profissional, Sinval Garcia constrói imagens oníricas, feitas com câmera de celular e instaladas em pequenas caixas de luz.

“Transitar” ficará aberta à visitação até o dia 29 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 13h.

VISITE

Exposição “Transitar”, do grupo Umcertoolhar, abre hoje, às 19h, na Galeria Theodoro Braga (subsolo do Centur) e segue em cartaz até o dia 29/11. Informações: 32020 – 4313.

(Diário do Pará)

Um comentário:

  1. Obrigada querido,
    esperamos todos vcs na expo(Centur)
    Germania Heibe fotografa

    ResponderExcluir