quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Exposição mostra enchentes de SP no século passado

A galeria Olido, na região central da capital paulista, abre nesta quarta-feira (18) a exposição Inundações em São Paulo. A mostra reúne fotografias de enchentes na cidade de São Paulo do final do século 19 até meados do século 20.

As imagens foram selecionadas a partir do acervo da Divisão de Iconografias e Museus do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura. A maior parte do acervo é composta por imagens de autoria desconhecida, Entretanto, a exposição também conta com nomes de peso da fotografia brasileira, como Militão Augusto de Azevedo e Benedito Junqueira Duarte.

O tema da exposição surgiu no começo deste ano, quando o Estado bateu recorde de chuvas e mortes em decorrência das enchentes. De acordo com o curador da exposição, José Henrique Siqueira, o objetivo é fazer o público discutir o tema a partir das fotos antigas. Décadas mais tarde, o efeito das inundações na "terra da garoa" se tornou mais destrutivo. Siqueira diz que as intervenções do homem na cidade, por meio do processo de urbanização, mexeram com os rios e impermeabilizaram o solo, agravando a situação das enchentes.

- Chego a duas conclusões. A primeira é que as inundações fazem parte do cotidiano da cidade. Posso dizer que este não é um fenômeno atual. A segunda me permite concluir que a expansão de São Paulo incorporou áreas de córregos e rios, agravando esse fenômeno.

O professor de Arquitetura e Paisagismo da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) Paulo Pellegrino afirma que a situação que temos hoje é causada por dois problemas correlatos: um é a ocupação de áreas indevidas e o outro é o modelo de drenagem urbana utilizado na urbanização da cidade, que não resolveu o problema.

- Nós desaprendemos a conviver com as águas. Achamos que poderíamos enquadrá-la numa ideia de drenagem urbana que foi no caminho de apagar rios e água das paisagens urbanas. Além de criar uma paisagem mais pobre, acabou se mostrando contraproducente.


A urbanista Lucila Lacreta, do movimento Defenda São Paulo, explica que a várzea pertence ao rio e é a várzea que vai absorver a água quando o rio inundar, como é o caso dos rios Tamanduateí e Tietê, que periodicamente inundam. Porém, diz ela, o homem não respeitou isso e realizou construções justamente na área que inunda.

- Como nós teimamos e impermeabilizamos tudo, o rio ocupa o lugar que é dele. Para que não houvesse inundação, teria que ter obras de engenharia a um custo absurdamente alto para domar aquela vocação do rio em ocupar a várzea.


Inundações em São Paulo


Quando: de 19/8 a 3/10. De terça a domingo, das 13h às 20h

Onde: av. São João, 473, centro

Quanto: Gratuito

Informações: 011 - 3331-8399

Colaborou Julia Carolina, estagiária do R7

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