quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Simplicidade e rapidez marcam cena de sonho em 'Ribeirão do Tempo'



Sequências de casamento quase sempre dão trabalho às equipes de novelas. Quase. Isso porque quando se trata de uma cerimônia fantasiada pela mocinha do folhetim, uma cena que normalmente levaria um dia inteiro para ser realizada pode surpreender ao terminar em pouco mais de uma hora. E é esse o caso do sonho quase adolescente da sortuda Filomena, de Liliana Castro, em Ribeirão do Tempo. Herdeira da ricaça Madame Durrel, de Jaqueline Laurence, a ex-garçonete muda seu próprio destino ao delirar que está se casando com o aventureiro Tito, de Ângelo Paes Leme. Isso porque é depois dessa sequência, no ar a partir de 1º de outubro, que a jovem tem a ideia de propor ao rapaz que façam uma união arranjada em troca do pagamento de todas as dívidas da pousada dele, quase em falência. "Estou me sentindo tão chique. E olha que é só um sonho. Imagina quando chegar a hora dela casar para valer", ponderou Liliana.

Para realçar o caráter onírico da gravação, o diretor de fotografia Edgar Moura opta por usar duas lanternas Mag Light iluminando, sem qualquer uniformidade, o rosto dos envolvidos. "Isso faz com que o público reconheça que o que está vendo não é real. Cria um clima etéreo", explicou, completando que as gravações foram realizadas com lentes grande angulares, que distorcem a imagem dos objetos quanto mais próximos eles estiverem. A ideia dos efeitos, aliás, surgiu de um sucesso de bilheteria hollywoodiano, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry. "Mas tudo isso que estamos vendo aqui ainda vai mudar. Depois de gravada, a cena entra no processo de colorimetria", completou o diretor geral Edgard Miranda, que pode realizar alterações na cor das cenas.

Na hora de gravar, os noivos Ângelo e Liliana conversam sobre o quão inusitado é rodar um casamento com apenas três pessoas do elenco em cena. E lamentam o fato de não poderem saborear o bolo ao final, já que a peça é cenográfica. Mesmo caso da falsa cachaça em um garrafão de cinco litros - que parece pesar mais de dez quilos, tamanha a grossura do vidro - que o ator Taumaturgo Ferreira tem de carregar. Intérprete do bêbado Querêncio da trama, o ator teoriza sobre o que faz com que o pintor leve a filha ao altar dividindo as atenções com a bebida. "Como é um sonho que faz parte do subconsciente da Filomena, ela imagina o pai com todos os defeitos. Freud deve explicar", deduziu, soltando uma leve risada.

Enquanto espera a entrada da noiva em cena, Ângelo senta ao piano e começa a arriscar uma música. Desiste logo em seguida, já que o piano "é velho e todo desafinado". E se prepara para receber as instruções do diretor, que tenta marcar bem a imagem de um casamento que só é desejado pela mulher. "Quando você se virar e olhar para ela, não precisa sorrir. É um sonho meio que pesadelo", justificou Edgard. Nessa hora, Ângelo lembra que esta é a primeira vez que usa uma roupa tão formal na novela. Tito, seu personagem, é dono de uma agência especializada em esportes radicais.

Ao fim do trabalho, Liliana elogia o vestido, entregando em seguida que não pretende se casar desse jeito. E recorda que, coincidentemente, só se vestiu de noiva duas vezes em sua carreira, ambas com a mesma costureira. E em cerimônias atípicas. Nesta, em um casamento imaginário. E antes, em Alma Gêmea, na Globo, em 2006, quando encarnou a bailarina Luna, assassinada ao sair da igreja, no dia do matrimônio. "Estou começando a achar que casamentos não têm muito a ver comigo mesmo", brincou.

Ribeirão do Tempo - Record - Segunda a sexta, às 22h15.

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