quarta-feira, 30 de junho de 2010

O cotidiano dos operários na construção de uma ponte potiguar, acompanhado por um atento fotojornalista




Em seu clássico Fama & Anonimato (2004, publicado originalmente no Brasil em 1973 com o título Aos olhos da multidão), o brilhante jornalista norte-americano Gay Talese faz um relato do cotidiano dos "boomers", como eram chamados os ruidosos construtores de pontes e de outras obras vultosas na Nova York dos anos sessenta. O repórter acompanhou a construção da ponte Verrazano-Narrows, ligando o Brooklin a Staten Island, com precisão e assiduidade, construindo uma preciosidade do jornalismo. Distante no tempo e no espaço, um jovem fotojornalista subiu os andaimes de uma ponte em construção. O objetivo primeiro era documentar os milagres da engenharia que punham suspensa sobre o rio Potengi, em Natal (RN), a ponte Newton Navarro, inaugurada em novembro de 2007. Mas o que mais o atraiu, e o fez traçar uma linha alternativa de trabalho, foram os operários – os "boomers" da capital potiguar.

Ponto turístico de Natal, a Newton Navarro, também chamada de Forte-Redinha, é a mais alta ponte estaiada (suspensa por cabos) do país. É também a maior obra de engenharia do Rio Grande do Norte, ligando seus litorais Norte e Sul. Tem 55 metros de altura, 22 metros de largura e 1.781,60 metros de extensão. Consumiu 7 milhões de quilos de aço, 62.600 metros cúbicos de concreto e custou R$ 194 milhões. Sua execução enfrentou vários problemas, típicos das grandes obras públicas brasileiras. Após paralisações, falhas técnicas e mudanças de projeto, estava em andamento em 2005 e o consórcio responsável procurava fotógrafos para registrar os trabalhos. Foi quando entrou em cena Alex Fernandes. Mas, antes, vale a pena contar a sua história:

– No final do primeiro semestre de 1999, me vi numa situação difícil, sem grana. Estava sem trabalho e resolvi arriscar uma nova profissão. Já havia trabalhado numa loja de fotografia no Rio, em 1996, onde aprendi a manusear equipamentos. Lembrando disso, resolvi comprar uma máquina com o dinheiro que pedi emprestado a uma tia – nos conta Alex, que tem 35 anos e hoje trabalha como repórter fotográfico no diário potiguar Correio da Tarde. Nascido no Rio de Janeiro, entre idas e vindas acabou parando no Rio Grande do Norte, onde nasceu o pai. Vive lá há doze anos.




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