Com imagens bem mais comportadas do que se vê hoje pelas ruas e na TV, o Instituto Moreira Salles inaugurou na terça-feira (22) no Rio uma exposição que retrata o carnaval carioca na primeira metade do século passado.
A mostra traz algumas raridades dos dois acervos mais importantes do instituto, o de fotografia e o de música, em um período de 1910 até o final dos anos 1950.
São 50 imagens de fotógrafos conhecidos como Augusto Malta e Marcel Gautherot, além de uma série de gravações originais das marchinhas de sucesso da época.
Dois aspectos chamam a atenção no conjunto. De um lado, há as sucessivas mudanças culturais pelas quais a festa passou, da indumentária à exibição do corpo, que no princípio ficava absolutamente coberto até nas fantasias mais ousadas.
Do outro, a figura quase imutável do folião, que parece dotado de um similar "espírito" carnavalesco.
Augusto Malta/Acervo Instituto Moreira Salles | ||
As Marrequinhas, grupo travestido na Sociedade Carnavalesca Democráticos, 1913. Imagem está em exposição do Rio |
"O conjunto mostra esta disposição inacreditável das pessoas, desde aquela época, em se fantasiar e entrar neste jogo de inversão", diz Paulo Roberto Pires, curador da mostra ao lado de Sérgio Burgi, que coordena a área de fotografia do instituto.
As imagens foram selecionadas entre cerca de 1.500 fotos de carnaval que integram o acervo da instituição. Elas trazem registros de fotógrafos muito importantes, com um olhar jornalístico sobre a festa.
Isso acontece com Augusto Malta que retratou o carnaval carioca entre as décadas de 1910 e 1920, em pesados negativos de vidro, feitos com câmeras também pesadas sobre tripé.
Suas fotos mostram os desfiles de automóvel e uma festa aristocrática com influência europeia.
Os registros feitos por Marcel Gautherot e José Medeiros, nas décadas de 1950 e 1960, já em câmeras Rolleiflex e com maior mobilidade, mostram um carnaval mais popular, movimento embrionário aos desfiles atuais.
"Era um movimento muito mais musical, e que não tinha nada deste espetáculo de hoje", diz Sérgio Burgi.
A mostra vai até 13 de março, na rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, de terça a sexta, das 13h às 20h, e de sábado a domingo, das 11h às 20h. A entrada é gratuita.
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