A Polícia Civil de São Paulo investiga crime de falsificação de documentos contra o fotógrafo norte-americano Richard Joseph Gatt, 56, preso anteontem (12) no município de Saquarema (SP) e transferido para a cadeia de Mogi das Cruzes, também no interior paulista. Na ocasião, Gatt portava um ofício supostamente assinado pela ex-mulher, a professora de inglês brasileira Tatiane Ribeiro, 32, autorizando-o a retirar passaporte para a filha de sete anos do casal.
Além de falsificação do documento oficial, emitido pelo consulado nos Estados Unidos, Gatt poderá responder também por crime de furto: junto com ele, no carro que havia alugado, os policiais localizaram a placa de um outro veículo que havia sido furtada.
De acordo com o escrivão-chefe da delegacia de Saquarema, Antonio Campos, a suspeita de que o fotógrafo sequestraria a própria filha não pôde ser confirmada. A hipótese foi levantada pela ex-mulher do americano, que tem a custódia da filha desde o divórcio, em 2006, e que alega não ter assinado o ofício de solicitação de passaporte.
A Polícia Federal chegou a ser comunicada, mas, segundo Campos, não ficou constatado crime federal. “Tudo indica ocorrência de crime comum, pois o ato preparatório [no caso, de supostamente se planejar um sequestro] não constitui crime”, disse o policial. “Mas avisamos o consulado americano no Brasil no mesmo dia sobre a falsificação, e, além disso, temos um boletim de ocorrência sobre o furto da placa do carro que estava com ele”, completou.
Junto com o fotógrafo, a polícia localizou uma espécie de diário com anotações sobre a suposta tentativa de retirada da criança do Brasil. Foram localizados ainda um aparelho de GPS, o passaporte dele e um celular.
Ex-mulher diz que tem medo
A professora de inglês disse ao UOL Notícias que o ex-marido, por determinação da Justiça de Salt Lake City --onde viviam --, desde ano passado ele só pode fazer visitas assistidas à filha. Ela conta que ele veio no final de junho e em abril deste ano ver a menina, mas que, após a prisão, verificou que ele esteve no país, sem que ambas soubessem, também em maio passado.
Conforme Tatiane, os problemas com Gatt começaram nos EUA quando descobriu que, em vez de segundo, ela era, na verdade, o quarto casamento dele. “Fui saber disso quando precisei de documentos para o Green Card. Mas depois tive problemas de violência doméstica e outros, em função do alcoolismo dele, e vi que não dava mais. Ele chegou a ser preso, obteve liberdade condicional e foi preso novamente por fraude em documentação e porte ilegal de arma... Mas cheguei mesmo a temer pela minha vida”, afirmou.
A filha do casal, garante a brasileira, não sabe de nada sobre a prisão do pai. “Tenho tentado preservá-la ao máximo e tenho todos os documentos garantindo a legalidade da custódia. Tenho ainda é muito medo de que ele seja solto e venha atrás de mim --espero que a justiça aqui seja feita, que ele seja deportado e cumpra pena, também nos EUA –afinal, ele falsificou documentos americanos, tem que prestar contas lá”.
A polícia não soube informar à reportagem se Gatt tem advogado cuidando de sua situação no Brasil.
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