Brasília, 1960. Aclamado como "país do futuro", o Brasil comemora a recém-erigida capital federal. Um mítico plano piloto modernista que marca a chegada do "país do progresso" a terras nunca antes exploradas. As fotos destacam o aspecto faraônico dos prédios que irão guardar as mais diversas instituições governamentais.
Brasília, anos 2000. As monumentais obras modernistas, carentes de manutenção, são o símbolo de instituições em crise. A dimensão das obras refletem o tamanho dos escândalos protagonizados por deputados e senadores. O real significado daquele elefante modernista no centro do país é rediscutido, repensado, criticado.
As duas visões acima resumem - mas não encerram - o debate proposto pela exposição As Construções de Brasília, organizada pelo Instituto Moreira Salles (IMS) em comemoração aos 50 anos da capital federal. Com acertada curadoria de Heloísa Espada, a mostra contém 140 fotos e 60 obras (entre telas, instalações e esculturas) que propõem a discussão e a revisão do papel de Brasília no imaginário nacional.
As fotos, todas do acervo do IMS, reunem preciosos registros do francês Michel Gautherot, do brasileiro Thomaz Farkas e do alemão Peter Scheier. Os instantâneos de Gautherot dão um aspecto faraônico à construção da cidade; Farkas registra o cotidiano dos operários que sempre viveram à margem daquilo que construiram. A Scheier cabe o registro da rotina dos primeiros habitantes da capital. As imagens fazem parte do primeiro núcleo da exposição, que registra a euforia com que a população - tanto intelectuais quanto a população em geral - recebeu a proposta de uma capital no Centro Oeste.
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